segunda-feira, 16 de novembro de 2015

APOGEU POÉTICO CLÁSSICO * MARIA JOÃO DE SOUSA BRITO *






APOGEU POÉTICO CLÁSSICO 
Tema: Causas Sociais

Homenageando o Mestre António Aleixo



Patrono: Manuel Maria Barbosa du Bocage
Académica: Maria João Brito de Sousa.
Cadeira: 06

A Torpe Sociedade onde Nasci
I

Ao ver um garotito esfarrapado
Brincando numa rua da cidade,
Senti a nostalgia do passado,
Pensando que já fui daquela idade.

II

Que feliz eu era então e que alegria...
Que loucura a brincar, santo delírio!...
Embora fosse mártir, não sabia
Que o mundo me criava p'ra o martírio!

III

Já quando um homenzinho, é que senti
O dilema terrível que me impôs
A torpe sociedade onde nasci:
— De ser vítima humilde ou ser algoz...

IV

E agora é o acaso quem me guia.
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas não sou o que seria
Se o mundo fosse bom — como não é!

V

Tuberculoso!... Mas que triste sorte!
Podia suicidar-me, mas não quero
Que o mundo diga que me desespero
E que me mato por ter medo à morte...

António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

As minhas glosas ao poema do Mestre António Aleixo

I

Ao ver, duma criança que brincava,
Do gesto, a natural vivacidade,
Senti que desta vez me emocionava
"Pensando que já fui daquela idade."

II

E que alegrias tive... ou que loucura!
Fui poeta-menina, ardi, qual círio,
No verbo em chama, ao som da partitura
"Que o mundo me criava, pr`ó martírio."...

III

Depois, já crescidinha, é que entendi
A força que há num rio que alcança a foz
Tão farto como o meu, tal como o vi,
"De ser vítima humilde ou ser algoz..."

IV

Mas se, hoje, me norteia a poesia,
E, em quaisquer tribunais, me sinto ré,
Sei bem que culpa alguma sentiria
"Se o mundo fosse bom - como não é!"

V

E, sem hesitação, escolho o meu norte!
Eu quero lá saber de quem me diga
Que oponho corpo e alma a quem me obriga
"E que me mato por ter medo à morte..."!

Maria João Brito de Sousa - 10.11.2015 - 15.10h

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