quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017





Homenagem ao Patrono António Aleixo

Patrono Vinicius de Moraes 
Acadêmica : Luiza Senis 
Cadeira : 33


A torpe sociedade onde nasci
I

Ao ver um garotito esfarrapado 
Brincando numa rua da cidade, 
Senti a nostalgia do passado, 
Pensando que já fui daquela idade.

II

Que feliz eu era então e que alegria... 
Que loucura a brincar, santo delírio!... 
Embora fosse mártir, não sabia 
Que o mundo me criava p'ra o martírio!

III

Já quando um homenzinho, é que senti 
O dilema terrível que me impôs 
A torpe sociedade onde nasci: 
— De ser vítima humilde ou ser algoz...

IV

E agora é o acaso quem me guia. 
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé, 
Sou tudo: mas não sou o que seria 
Se o mundo fosse bom — como não é!

V

Tuberculoso!... Mas que triste sorte! 
Podia suicidar-me, mas não quero 
Que o mundo diga que me desespero 
E que me mato por ter medo à morte...

António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

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