quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Meu Patrono Visto Por Mim" Sônia Gonçalves"



PROJETO: Meu Patrono visto por mim

Patrono:Carlos Drummond de Andrade 
Acadêmica: Sônia Gonçalves 
Cadeira: 14...

Carlos Drummond de Andrade 
100 anos: 1902-2002

O que dizer sobre esse poeta maravilhoso?
Quando tudo já foi dito e expressado 
O que falar sobre a pedra que sempre está no caminho...
Sobre tantos quatrilhos que vemos e somos
O que dizer sobre a realidade dos poetas verdadeiros?
A sensibilidade do ser poeta...
Sim porque alguns são poetas de fachada...
Por interesse e ostentação...
E Drummond sabia muito bem disso
Poetas são homens vindos da lua, de marte, de Urano
Poetas aluados, alados, sem prumo, sem planos...
Poetas são Drummond sem tirar nem por
São seres vivos que ao olhar vemos AMOR
Poetas são sons, cores, utopias...Drummonds
Essa filosofia é que nos faz revelações
Saber quase tudo sobre esse mundo de magia
As poesias inspiradas e conspiradas pelo universo
Eu diria poetas de fato, no íntimo na alma é Drummond!
Bela essência em aroma que perfumou esse planeta
Perpetuou uma trilha secreta nas asas das borboletas mineiras
Forjada no ferro e no aço...No poder da caneta desse mineiro. Drummond era um homem possuidor de uma sensibilidade extrema, amor sem limites e um tremendo senso crítico. Destaco aqui um poema dessa estrela que caiu aqui na Terra e deixou suas centelhas cintilando por toda parte...
Sua arte nunca será ignorada porque vemos o quão ele foi POETA VERDADEIRO!

Son Dos Poemas

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão 
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais!
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade


"TRECHO" de uma entrevista que mostra sua grandeza”
"Nenhum poema meu ficou popular. A verdade é essa. Considero popular, nas gerações antigas, o "Ouvir Estrelas", de Olavo Bilac; o "Mal Secreto", de Raimundo Correia; "Meus Oito Anos", de Casimiro de Abreu; "A Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. São dois ou três. Nenhum outro fica. Geralmente são poemas pequenos que a memória guarda com mais facilidade. De mim, ficaram versos. “E agora José”?" não é verso; é uma frase. "Tinha uma pedra no meio do caminho" — e só. Não creio que tenha ficado nada mais. Não houve poema meu propriamente popular. Em geral, as pessoas guardam a imagem do poeta, mas não guardam o verso, até porque a maior parte dos poemas é em verso livre. Não são metrificados nem rimados. Então, é mais difícil guardar (...). 
Drummond em sua última entrevista, concedida a Geneton Moraes Neto (In O Dosiê Drummond, de Geneton Moraes Neto, Ed. Globo, 1994

4 comentários:

  1. Fabuloso trabalho poetisa Sónia Gonçalves. Adorei ler e Drummond certamente ficaria muito honrado com as suas palavras. Bem haja pela beleza das suas palavras.

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    1. Obrigada José, honrada com teu comentário.Muito agradecida!!Bjos

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  2. REVERÊNCIA AO PATRONO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. CUMPRIMENTOS Á POETISA SONIA GONÇALVES, a Sonia Son Dos Poem Gonçalves, pelo excelente trabalho semanal realizado: seu belíssimo Poema, no qual não faltou a análise da Poesia e voo ligeiro na personalidade do Poeta, de uma forma geral, e boa incursão no mundo do seu Patrono-Homenageado. A seguir, escolhe um ótimo Poema de Carlos Drummond de Andrade: JOSÉ o despossuído que sequer tem uma parede nua para se encostar(todas atravancadas por quadros valiosíssimos ? ). Finaliza com considerações extraídas de uma entrevista, que o Patrono concedeu a Geneton Moraes Neto, ligado à Rede Globo de Televisão. Trabalho perfeito, que merece ser lido, integralmente, e os meus mais entusiasmados cumprimentos, acrescidos das raras cinco estrelas ( *) ! ! ! * * * * * 05/11/2015.

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    1. Fico imensamente agradecida ilustríssimo escritor cronista Carlos René!!!Obrigada, obrigada!!!Presto eu minhas reverências a tão elogioso comentário elogioso e lindo comentário...Bjos

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