segunda-feira, 7 de setembro de 2015

João Urague Filho




PROJETO: MEU PATRONO VISTO POR MIM
Patrono : Fernando Pessoa.
Acadêmico : João Urague Filho.
Cadeira : 02


Autopsicografia
Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

27/11/1930

Uma visão breve sobre a vida e a obra do maior poeta da língua portuguesa:

- 1888: Nasce Fernando Antônio Nogueira Pessoa, em Lisboa. 
- 1893: Perde o pai. 
- 1895: A mãe casa-se com o comandante João Miguel Rosa. Partem para Durban, África do Sul. 
- 1904: Recebe o Prêmio Queen Memorial Victoria, pelo ensaio apresentado no exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança. 
- 1905: Regressa sozinho a Lisboa. 
- 1912: Estréia na Revista Águia. 
- 1915: Funda, com alguns amigos, a revista Orpheu. 
- 1918/1921: Publicação dos English Poems. 
- 1925: Morre a mãe do poeta. 
- 1934: Publica Mensagem. 
- 1935: Morre de complicações hepáticas em Lisboa.
Os versos acima foram extraídos do livro "Fernando Pessoa - Obra Poética", Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 164.

Proposta de Trabalho: GLOSA DO POEMA DE FERNANDO PESSOA “AUTOPSICOGRAFIA”
OBS: A glosa seguinte é constante de três estrofes de 10 versos com rimas ABBAACCDDC inspirada nas glosas dos cantadores do Nordeste. 
MOTE: O POETA É UM FINGIDOR

DOR FINGIDA

A dor real não tem graça
Visto que quando ela dói
Dói no vilão, no herói
Desatina da desgraça

Que até a vista embaraça
Dói quanto dói qualquer dor
Nem que seja dor de amor
Não dá verso, não dá rima

Nem poema que a exprima:
Que o poeta é um fingidor!

Diz dessa dor o que sente
Mas ninguém sabe direito
Se dói no fundo do peito
Se dor de fato é a que mente

Se dor fingida somente
E acaba entendendo a dor
Como um processo indolor
Dorzinha que dói a esmo

Qual dor que dói em si mesmo:
Que o poeta é um fingidor.
Dor que dói qual dor pintada
Qual fosse uma dor escrita

Dor que dói mas é bonita
Qual fosse dor inventada 
Dor que dói mas musicada
Que dói qual fosse de amor 

Que desatina indolor
Dor que dói qual dói a vida
De forma branda, fingida:
Que o poeta é um fingidor!

João Urague Filho


Nenhum comentário:

Postar um comentário