quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Meu Patrono Visto Por MIm "José Leite Guerra"





Projeto : Meu Patrono Visto Por Mim
Patrono: Manoel de Barros
Acadêmico: José Leite Guerra
Cadeira: 05
O poema de abertura do livro do poeta Manoel de Barros, "Poemas Rupestres", contém versos que traçam um perfil
ajustado à temática predominante do autor. Escreve: "Por viver dentro do mato/moda ave/ o menino pegou um olhar de pássaro".
Tal alusão metafórica traduz uma forma de enxergar o mundo circundante, desde quando em sua infância. O poeta como que se metamorfoseia, literariamente, para escrever e traduzir o cenário interior compulsado e atrelado ao exterior. Passa a expandir sua potencialidade criativa desde uma visão ornintológica: "como se fosse infância na língua". O pássaro tem uma simbologia, para Manoel de Barros, qual seja a de liberdade na interpretação objetiva, transmudando-as além do meramente racional, real, imutável, segundo as propostas comuns dos não engajados no construir Literatura. A poética de Manoel de Barros personalidade nele mesmo como literato está exposta nos seguintes versos: "Por forma que ele enxergava as coisas por igual/como os pássaros enxergam./As coisas todas inominadas". Neste universo edênico e particularizado pela visão manuelina, em confronto com a narrativa do poema da Criação contido no Gênesis da Bíblia (sem desrespeitar o discurso sagrado, claro) ele chama a si o sujeito da sua potência criativa: isto é, se as coisas não possuíam nome, o seu olhar liberto encontra um signo e atribui no trans-verso palavras a designá-las. Por exemplo: "Por forma o menino podia inaugurar./ Podia dar às pedras costumes de flor". Uma trans-formação do palpável por conteúdo profundamente visceral reformando a dureza da palavra "pedra" em maciez de "flor". Poesia genialmente trazida à confecção do poema. Merece atenção especial a composição ora examinada por conter a linha inicial para a compreensão da trajetória poética sempre atrelada ao eco-lógico do grande Manoel de Barros. A ele devemos uma inovação e renovação importante na nossa feitura Literária. Atualização de formas e conteúdos nunca dantes exibidos numa obra marcante e consacratória. Como tão bem afirmou o crítico Paulinho Assunção, apresentando os "Poemas Rupestres": "o mesmo sobressalto da primeira hora. E o leitor, os leitores (também estou me dirigindo a eles) não terão sobressalto diferente. Para dizer a verdade, isto acontece em cada livro seu"
Afinal, ter como patrono, nesta Academia Virtual de Letras um poeta do quilate de Manoel de Barros, é para mim, acadêmico, motivo de sincero orgulho e impulso em desvendar, na maneira e nos limites do possível, a sua imensa obra.

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