quarta-feira, 27 de julho de 2016

Patrono: Manoel de Barros Acadêmico: José Leite Guerra Cadeira: 05

MEU PATRONO VISTO POR MIM

Vejo meu querido patrono, poeta Manoel de Barros, como um cultor da natureza. Sua ambiência, o trato diuturno com as exuberâncias de flora e fauna, a sabedoria invasiva do cerne (não fisiologicamente aludindo) mas na essencialidade do fenômeno poético significante e contido, digamos, na alma das criaturas, o fazem um contemplativo. Contemplativo como homem-poeta, trabalhando com sua arte despojada e simples, porém profunda, a temática natural e produzindo poemas ricos em mensagem e conteúdo que não se dispersam. Mesmo aparentando, em alguns momentos, ser sua obra um conjunto de experimentações linguísticas, tão somente, quase que inócuas, Manoel de Barros nos surpreende ao desvendar com sua visão translúcida os meandros, as belezas ocultas nos objetos. O uso de um farto conjunto de neologismos não significa ser ele um dispersivo ou seu tratamento poético infértil por adjetivações ou desmonte de formas conservadoras, simplesmente por um oco exercício estético. Absolutamente. O cuidado que ele tem para com a maturação da linguagem é notório. Creio que somente os menos argutos ao fazer poético ou cingidos por formas conservadoras, rígidas, engessadas e atados a temas clichês, defendendo a palavra literária de quaisquer inovações, seriam alheios ou contrários ao labor de inovação abraçado pelo meu patrono Manoel de Barros. Com este me identifico por entender que o literato, o peão das letras, enquanto a serviço da Literatura (notadamente o poema) é um ser criador capaz de ousar na concepção e estrutura de seus textos, levando em conta todas as possibilidades de imanência e transcendência vocabular que se ofertam. Manoel de Barros é um inventor-criador de versos livres e libertos de quaisquer correntes-algemas que o impeçam de escrever com sua alma serena a sinfonia de sua Poesia espontaneamente bela e bem pensada

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