Sinto-me, honestamente, incapaz de honrá-lo em toda sua grandeza e significado haja vista o fato inegável de que sou nada mais que um humilíssimo operário das palavras.
Ele, eleito ‘príncipe dos poetas brasileiros’, autor do Hino da Bandeira, um grande nacionalista, deixou-nos uma extensa e louvável obra poética e literária.
Sentir-me-ia um embusteiro se pretendesse falar qualquer coisa acerca de Olavo Bilac que já tenha sido falada por inúmeros outros. . . Seria de uma pretensão assombrosa tentar enumerar suas incontáveis qualidades enquanto poeta. . .
Ciente de minhas limitações , opto por manifestar minha imensa admiração por esse tão laureado bardo brasileiro ofertando aos caros confrades e confreiras não um poema meu em sua homenagem, mas um de seus mais memoráveis sonetos( e o meu predileto).
Via Láctea (trecho XIII)
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
( Olavo Bilac ).
(Publicado em Antologia Poética - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. p. 28)
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