domingo, 16 de outubro de 2016

MEU PATRONO VISTO POR MIM – HUDSON RIBEIRO

Patrono: Walt Whitman.
Acadêmico: Hudson Ribeiro.
Cadeira: 19.
Evento : Meu Patrono Visto Por Mim.

A POESIA VIRAMUNDO DE WALT WHITMAN*
Para ser compreendida em sua plenitude a poesia do vagamundo, Wat Whitman, deve ser dimensionada no tempo e espaço em que foi engendrada, a fundamental inter-relação entre a história, o poeta e a sua obra. Em relação à história, Walt é considerado com justeza o poeta da revolução norte-americana, por isso a liberdade em seus versos ressoam com a força das armas bélicas.
O poeta encarnou em si mesmo o vagamundear como forma de experenciar a vida como ela é, e nessa busca de si mesmo para compreender as coisas, os fatos e as pessoas exerceu inúmeras atividades profissionais e se aventurou com afinco em muitas empreitadas onde a emoção do risco, longe dos conceitos apriorísticos o tornaram capazes de trazer a linguagem apropriada à fala conduzido pelas Musas, “Sermões e lógicas jamais convencem;
O peso da noite cala bem mais
Fundo em minha alma”.
Tal vagamundagem convenceu-o da necessidade de libertar as palavras nos versos livres, libertos e libertários. “Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado,
E disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho”.
Hodiernamente, falar em revolução sempre soa como algo nostálgico e sem sentido, o máximo que encontramos são pessoas empenhadas em realizar reformas, que pela pouca transformação nas estruturas vigentes, apenas alcança um paliativo social, que o tempo ao seu tempo trata de revelar como nocivas e letais mazelas.
Em relação ao vagamundear, raramente encontramos alguém perambulando pelas ruas do mundo, todos muito atarefados em seus inúmeros afazeres em uma pressa para se ganhar tempo, que logo é consumido em outros afazeres, em uma desorientação muito semelhante a uma corrida de ratos cegos, pois a corrida não é ao encontro de algo ou de alguém, mas é sempre uma corrida de algo ou de alguém e a amiúde de si mesmo, a vida inautêntica odeia se encarar e ficar frente a frente com as suas insuficiências. E a poesia oriunda desse ventre infértil, dissimulasse nas penumbras do jogo das formas, como se a vida pudesse ser contida nas palmas das mãos.
Nesse cenário de niilismo ressentido e não assumido, a poesia realizada não traz em seu bojo a reflexão depurada no alto forno da indagação filosófica, nem nomeia o ser e nem conjuga o sagrado, limita-se a se formalizar e a si mesmo se despontencializa quando é elaborada sem o contexto espaço-temporal.
Ao ler Walt Whitman considerando essa fundamental propedêutica, alcançamos acessar toda a pujança desse poeta, que em nome da liberdade libertou os próprios versos aprisionados em formas hermeticamente fechadas e que já não traduziam a pulsão do nada, que move e alumia a vida.

* Walt Whitman
Walt Whitman (1819-1892) foi um poeta, ensaísta e jornalista norte-americano, foi considerado um dos poetas americanos mais influentes e muitas vezes chamado de “O Pai do Verso Livre”.
Walt Whitman nasceu em Long Island, Nova York, nos Estados Unidos, no dia 31 de maio de 1819. Foi jornalista, professor e funcionário público. Prestou serviços voluntários como enfermeiro durante a Guerra Civil Americana.
Considerado um humanista, suas obras representavam a transição entre o movimento transcendental e o realismo literário. Seu trabalho era muito controverso para seu tempo, principalmente a coleção de poesias “Leaves of Grass” (1855), que foi considerada obscena.
Entre suas obras estão: “A Terrível Dúvida das Aparências”, “Canção de Mim Mesmo”, “Eu Sou o Poeta do Corpo, e Eu Sou o Poeta da Alma” e “Não Me Fechem as Portas”. Walter Whitman faleceu em New Jersey, Estados Unidos, no dia 26 de março de 1892.

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